Que a audiência pode dizer muito sobre a qualidade de uma novela é verdade. Mas uma série de fatores externos também pode influenciar nos números. Além disso, a falta de hábito com um determinado gênero, puro preconceito com as temáticas ou até mesmo uma antecessora ruim podem fazer o público abandonar tramas bem feitas que acabem injustiçadas. Aqui, uma relação de tramas que não empolgaram no Ibope e mereciam mais:
Pecado mortal
Arrisco dizer que “Pecado Mortal” foi a melhor novela já produzida pela Record. Um roteiro de Carlos Lombardi excelente (mas com o que se esperava dele: homens sem camisa, piadas com teor sexual etc..). Uma bem elaborada reconstituição de época, ótima direção e fotografia. “Pecado mortal” foi, mas uma vitima da incompetência dos executivos da Record: Sem nenhuma divulgação que valesse a pena e ainda por cima depois de semanas de baixa audiência a novela migrou da faixa das 22h30 para a das 21h10, concorrendo diretamente, neste dia, com a estreia de Em Família, no Globo.
Joia rara: Uma novela que é uma verdadeira joia. Brilhante e rara. Elenco afinado, ótimo texto (mesmo sendo dramático demais), direção cautelosa e padrão de cinema. Mas não fisgou o publico. Talvez o texto dramático demais, ou o filtro usado tenha afastado o publico. A Trama até correu atrás do prejuízo (Sem sucesso), mas não perdeu a beleza e o cuidado estético que se propôs. Mas pelo menos a ótima produção e cuidado estético a fizeram ganhar o Emmy.
Esplendor
Depois de investir pesado em “força de um desejo” (uma rica e cara produção de época), mas sem sucesso, a globo decidiu e produziu “Esplendor” a toque de caixa, quase um recorde. Foram apenas 45 dias apenas de produção. “Esplendor” foi idealizada como mininovela, teria apenas 80 capítulos, mas, devido ao razoável sucesso, foi esticada (mesmo tendo pouquíssimas tramas paralelas), e não perdeu o interesse do telespectador.
A produção de “Esplendor” fez milagres: a cenografia e figurinos eram lindos (com um tom now que a trama pedia), a fotografia, peculiar contribuía para a atmosfera meio gótica da trama. Nas atuações destaco Cássia Kiss, como Adelaide, e Leticia Spiller que conseguiu nos fazer esquecer a sua atuação em “suave veneno”. Uma boa novela que foi esquecida.
A vida da gente
Certamente a mais original e mais bem escrita trama das seis dos últimos anos. A história da então estreante Lícia manzo não tinha vilões ou mocinhos. Os dramas sofrimentos e sorrisos vinham do destino, do acaso que cruzava a vida dos personagens lhe pregando peças constantes. Mas a audiência não correspondeu: Foram apenas 22 pontos de média. Destaque para o ótimo texto da autora, mesmo que muitas vezes fosse um pouco angustiante.
Ciranda de pedra (2008)
O enredo original, que deu origem à sinopse e baseou os primeiros capítulos da história era de um a trama pesada, de drama (vivido pela personagem de Ana Paula), e os atores deram um show: Arósio, Ana Beatriz Nogueira, Daniel Dantas estavam excelentes nos papéis e o texto acompanhava. Mas acostumados com romances e comédias leves, o publico rejeitou a história (que tinha uma fotografia lindíssima, aliás). Sem falar também que o publico torceu a cara para as escalações de Ana Paula Arósio (jovem de mais para o papel) e de Tammy Di Calafiori. Resultado: na tentativa de dar o que o telespectador queria, o autor se perdeu no enredo original.
Esperança
Esperança não era uma ótima novela, mas não merecia a audiência que teve (foi até humilhada pela reprise de “Por amor”). Era lenta, demais, e o casal de protagonistas não ajudava (um Reynaldo Gianecchini até então inexperiente, e uma Priscila Fantin igualmente ruim) a trama só foi melhorar com a troca de autores (Walcyr Carrasco substituindo o Benedito, que alegava problemas de saúde) e a entrada da Ana Paula Arósio na Trama.
Mas esperança estava longe de ser uma trama ruim: Com uma linda reconstituição de época, direção de atores que fazia milagres como texto ruim. Nos campos de atuações Ana Paula Arósio e Raul Cortez eram os melhores. Destaco também a fotografia lidíssima (com o tom que uma trama de época pedia) e para trilha sonora (inclusive na abertura, onde a globo inovou: Na primeira semana, a música-tema era cantada em italiano. Na semana seguinte, passou para o hebraico, e depois ganhou uma versão em espanhol e outra em português).
Desejo Proibido
Contada com um bom texto, ia do drama à comédia com muita leveza. Ah, e com um delicioso gostinho de Minas gerais, causando bem uma identificação com o interior do Brasil. Mas mesmo com todos os ingredientes de uma boa novela a audiência ficou abaixo do esperado pela emissora na época (média de 24 pontos na grande são Paulo- o que hoje seria um grande sucesso). Talvez por ser uma história de época e estreada em pleno horário de verão (mal que assombrava várias outras produções). Entretanto, Negrão manteve-se fiel à sua ideia original e contou a história lindamente.
Eterna Magia
A História de Elizabeth Jhin, exibida em 2007, tinha uma serie de pontos a favor: ambientada em parte na Irlanda, a história trouxe um frescor ao horário com imagens diferenciadas, ambientação inusitada e bela fotografia. O elenco era bissexto em novelas, especialmente nesta faixa: Maria Flor, Thiago Lacerda e Malu Mader encabeçavam o time. A história era interessante, o tom soturno era inédito e o texto de Jhin era bem construído. Era o tipo de novela com logica própria, mas também quase um conto de fadas – ou de bruxas, que eram retratadas na trama. O publico não entendeu. Na segunda fase, após um mês de exibição com baixa audiência, a trama ganhou uma virada e se transformou em uma historinha sem grandes atrativos, mas que o telespectador do horário. Alguns personagens mudaram suas personalidades, como por exemplo, a personagem Nina (Maria Flor), que era mocinha da trama e se tornou vilã (e bem chata por sinal). A média final foi de 26 pontos, considerada baixa para a época.
Lado a lado
A História era forte, bem amarrada, com produção impecável. Ambientada no Rio de Janeiro do inicio do século XX (1910), teve fortes traços históricos como a revolta da chibata, a revolta da vacina, a entrada do futebol no Brasil, o surgimento das favelas, o fim da monarquia e o inicio da republica. Retratou o racismo presente na época e os encontros e desencontros dos casais Laura e Edgar, e Izabel e Zé Maria. A audiência não correspondeu, mas foi longe de ser um fiasco entre os que a assistiram. Exibida num período em que toda atenção ainda era para “Avenida Brasil, “Lado a Lado” inovou, surpreendeu, mas manteve-se fiel à sua origem e por esses e outros motivos foi consagrada ao receber o Emmy Internacional”.
Força de um desejo
O maior clássico entre as ótimas novelas que não fizeram sucesso.
O horário das 18 estava em crise com o fim da segunda versão de “Pecado Capital”, e então a globo precisava de uma trama para reverter o “estrago”, e então decidiu investir numa trama de época (gênero esse que consagrou o horário). A globo investiu pesado em produção, figurinos etc... Tudo em “Força de um desejo” era bom. Plasticamente, uma das melhores produções da Rede Globo, não devendo nada a títulos como “Os Maias” (outra trama injustiçada). Inexplicavelmente, não alcançou sucesso. inda que a audiência não corresponde-se, todos ressaltavam a qualidade da trama e o requinte dos cenários e figurinos. Em alguns momentos o texto se apresentava frágil, o que pode ter contribuído para rejeição, mas a suposta fragilidade era apenas uma artificio do apurado texto de Gilberto Braga e Alcides Noguereira.
Pecado mortal
Arrisco dizer que “Pecado Mortal” foi a melhor novela já produzida pela Record. Um roteiro de Carlos Lombardi excelente (mas com o que se esperava dele: homens sem camisa, piadas com teor sexual etc..). Uma bem elaborada reconstituição de época, ótima direção e fotografia. “Pecado mortal” foi, mas uma vitima da incompetência dos executivos da Record: Sem nenhuma divulgação que valesse a pena e ainda por cima depois de semanas de baixa audiência a novela migrou da faixa das 22h30 para a das 21h10, concorrendo diretamente, neste dia, com a estreia de Em Família, no Globo.
Joia rara: Uma novela que é uma verdadeira joia. Brilhante e rara. Elenco afinado, ótimo texto (mesmo sendo dramático demais), direção cautelosa e padrão de cinema. Mas não fisgou o publico. Talvez o texto dramático demais, ou o filtro usado tenha afastado o publico. A Trama até correu atrás do prejuízo (Sem sucesso), mas não perdeu a beleza e o cuidado estético que se propôs. Mas pelo menos a ótima produção e cuidado estético a fizeram ganhar o Emmy.
Esplendor
Depois de investir pesado em “força de um desejo” (uma rica e cara produção de época), mas sem sucesso, a globo decidiu e produziu “Esplendor” a toque de caixa, quase um recorde. Foram apenas 45 dias apenas de produção. “Esplendor” foi idealizada como mininovela, teria apenas 80 capítulos, mas, devido ao razoável sucesso, foi esticada (mesmo tendo pouquíssimas tramas paralelas), e não perdeu o interesse do telespectador.
A produção de “Esplendor” fez milagres: a cenografia e figurinos eram lindos (com um tom now que a trama pedia), a fotografia, peculiar contribuía para a atmosfera meio gótica da trama. Nas atuações destaco Cássia Kiss, como Adelaide, e Leticia Spiller que conseguiu nos fazer esquecer a sua atuação em “suave veneno”. Uma boa novela que foi esquecida.
A vida da gente
Certamente a mais original e mais bem escrita trama das seis dos últimos anos. A história da então estreante Lícia manzo não tinha vilões ou mocinhos. Os dramas sofrimentos e sorrisos vinham do destino, do acaso que cruzava a vida dos personagens lhe pregando peças constantes. Mas a audiência não correspondeu: Foram apenas 22 pontos de média. Destaque para o ótimo texto da autora, mesmo que muitas vezes fosse um pouco angustiante.
Ciranda de pedra (2008)
O enredo original, que deu origem à sinopse e baseou os primeiros capítulos da história era de um a trama pesada, de drama (vivido pela personagem de Ana Paula), e os atores deram um show: Arósio, Ana Beatriz Nogueira, Daniel Dantas estavam excelentes nos papéis e o texto acompanhava. Mas acostumados com romances e comédias leves, o publico rejeitou a história (que tinha uma fotografia lindíssima, aliás). Sem falar também que o publico torceu a cara para as escalações de Ana Paula Arósio (jovem de mais para o papel) e de Tammy Di Calafiori. Resultado: na tentativa de dar o que o telespectador queria, o autor se perdeu no enredo original.
Esperança
Esperança não era uma ótima novela, mas não merecia a audiência que teve (foi até humilhada pela reprise de “Por amor”). Era lenta, demais, e o casal de protagonistas não ajudava (um Reynaldo Gianecchini até então inexperiente, e uma Priscila Fantin igualmente ruim) a trama só foi melhorar com a troca de autores (Walcyr Carrasco substituindo o Benedito, que alegava problemas de saúde) e a entrada da Ana Paula Arósio na Trama.
Mas esperança estava longe de ser uma trama ruim: Com uma linda reconstituição de época, direção de atores que fazia milagres como texto ruim. Nos campos de atuações Ana Paula Arósio e Raul Cortez eram os melhores. Destaco também a fotografia lidíssima (com o tom que uma trama de época pedia) e para trilha sonora (inclusive na abertura, onde a globo inovou: Na primeira semana, a música-tema era cantada em italiano. Na semana seguinte, passou para o hebraico, e depois ganhou uma versão em espanhol e outra em português).
Desejo Proibido
Contada com um bom texto, ia do drama à comédia com muita leveza. Ah, e com um delicioso gostinho de Minas gerais, causando bem uma identificação com o interior do Brasil. Mas mesmo com todos os ingredientes de uma boa novela a audiência ficou abaixo do esperado pela emissora na época (média de 24 pontos na grande são Paulo- o que hoje seria um grande sucesso). Talvez por ser uma história de época e estreada em pleno horário de verão (mal que assombrava várias outras produções). Entretanto, Negrão manteve-se fiel à sua ideia original e contou a história lindamente.
Eterna Magia
A História de Elizabeth Jhin, exibida em 2007, tinha uma serie de pontos a favor: ambientada em parte na Irlanda, a história trouxe um frescor ao horário com imagens diferenciadas, ambientação inusitada e bela fotografia. O elenco era bissexto em novelas, especialmente nesta faixa: Maria Flor, Thiago Lacerda e Malu Mader encabeçavam o time. A história era interessante, o tom soturno era inédito e o texto de Jhin era bem construído. Era o tipo de novela com logica própria, mas também quase um conto de fadas – ou de bruxas, que eram retratadas na trama. O publico não entendeu. Na segunda fase, após um mês de exibição com baixa audiência, a trama ganhou uma virada e se transformou em uma historinha sem grandes atrativos, mas que o telespectador do horário. Alguns personagens mudaram suas personalidades, como por exemplo, a personagem Nina (Maria Flor), que era mocinha da trama e se tornou vilã (e bem chata por sinal). A média final foi de 26 pontos, considerada baixa para a época.
Lado a lado
A História era forte, bem amarrada, com produção impecável. Ambientada no Rio de Janeiro do inicio do século XX (1910), teve fortes traços históricos como a revolta da chibata, a revolta da vacina, a entrada do futebol no Brasil, o surgimento das favelas, o fim da monarquia e o inicio da republica. Retratou o racismo presente na época e os encontros e desencontros dos casais Laura e Edgar, e Izabel e Zé Maria. A audiência não correspondeu, mas foi longe de ser um fiasco entre os que a assistiram. Exibida num período em que toda atenção ainda era para “Avenida Brasil, “Lado a Lado” inovou, surpreendeu, mas manteve-se fiel à sua origem e por esses e outros motivos foi consagrada ao receber o Emmy Internacional”.
Força de um desejo
O maior clássico entre as ótimas novelas que não fizeram sucesso.
O horário das 18 estava em crise com o fim da segunda versão de “Pecado Capital”, e então a globo precisava de uma trama para reverter o “estrago”, e então decidiu investir numa trama de época (gênero esse que consagrou o horário). A globo investiu pesado em produção, figurinos etc... Tudo em “Força de um desejo” era bom. Plasticamente, uma das melhores produções da Rede Globo, não devendo nada a títulos como “Os Maias” (outra trama injustiçada). Inexplicavelmente, não alcançou sucesso. inda que a audiência não corresponde-se, todos ressaltavam a qualidade da trama e o requinte dos cenários e figurinos. Em alguns momentos o texto se apresentava frágil, o que pode ter contribuído para rejeição, mas a suposta fragilidade era apenas uma artificio do apurado texto de Gilberto Braga e Alcides Noguereira.